Chegada
Padre Albino chegou ao Rio de Janeiro em 1912, aos 30 anos de idade, e passou por inúmeras cidades até se estabelecer em Catanduva, em 1918, onde permaneceu até sua morte em 1973, aos 91 anos. Apesar de sua trajetória impressionante e várias obras notórias, ele não foi bem recebido pela comunidade local, que preferia o padre anteriormente popular. Mesmo enfrentando insultos e difamação, Padre Albino permaneceu calmo, demonstrando uma notável serenidade diante das adversidades.
Em 1919, segundo ano de Padre Albino em Catanduva, iniciou a construção da Igreja Matriz, apesar das dúvidas sobre a necessidade de uma estrutura tão grandiosa para uma cidade ainda pequena. Com sua visão perspicaz, antecipou o potencial de crescimento da região. Após discordâncias sobre o local e tamanho da igreja, o padre resolveu o impasse com sua habilidade diplomática.
Dedicando-se à arrecadação de fundos, percorreu a cidade e áreas rurais até concluir as obras em 1925. Além disso, com a iniciativa do Juiz, Sr. Mergulhão Lobo, foi contratado o renomado pintor brasileiro Benedito Calixto para enriquecer a Igreja de Catanduva com seus quadros. Com a colaboração de sua filha, pintaram 19 quadros bíblicos para a igreja. No entanto, na representação dos apóstolos, faltou a figura de Judas Iscariotes. Padre Albino, ao perceber a ausência, confrontou Calixto que inicialmente resistiu. No entanto, após a insistência gentil e franca do padre, o pintor acabou cedendo. Para resolver o impasse, Calixto pintou uma figura diminuta de Judas e retirou o quadro de São Paulo, colocando-o no altar de Nossa Senhora. Assim, na igreja de Catanduva, permanece até hoje a miniatura de Judas nos quadros dos apóstolos, devido ao forte repúdio que Benedito Calixto tinha pelo traidor.
Após a morte de Padre Albino em 1973, uma estátua foi erguida em sua homenagem. Em 2010, a praça ao redor da igreja foi reformada, destacando-se ainda mais como ponto de contemplação urbana. No ano seguinte, em 2011, um sarcófago foi instalado para receber seus restos mortais como parte do processo de beatificação. Hoje a igreja continua sendo um marco para a cidade, com missas regulares e aberta para visitação, assumindo um papel na preservação do legado de Padre Albino.
SANTA CASA DE CATANDUVA (Hospital Padre Albino) – 1926:
Padre Albino, ao iniciar a construção da Igreja Matriz em Catanduva, percebeu as necessidades dos menos favorecidos e a escassez de serviços médicos na região. Decidiu, então, erguer a Santa Casa de Misericórdia, hoje conhecida como Hospital Padre Albino. Vale destacar que a dificuldade para construir o Hospital diminuiu significativamente em comparação a construção da Igreja Matriz, decorrência de sua melhor relação para com o povo. E o impacto dessa construção foi tão grande que o Hospital Padre Albino passou a ser um centro de assistência médica e social de toda a região, não só de Catanduva.
O que hoje fica marcado são as boas histórias das conquistas de Padre Albino para o povo catanduvense. Porém o que não podemos esquecer é o sofrimento de um povo colonizado, do qual passava fome diante de tanta pobreza e exploração, além de inúmeras doenças sem tratamento. A Santa Casa, hoje Hospital Padre Albino, é construída pensando não apenas nos cuidados aos doentes, mas no cuidado com a dignidade e a moral de um povo colonizado. O hospital surge da necessidade de abrigar, acolher e socorrer aqueles que jamais imaginaram ter voz.
E para que todo esse trabalho pudesse ser realizado da melhor forma possível, com o apoio de boa parte da comunidade, para administrar o hospital, formou-se a Associação Beneficente de Catanduva. E, com o objetivo de auxiliar nos cuidados hospitalares e religiosos, Padre Albino trouxe irmãs de caridade de Araraquara.
Para ampliar a capacidade do hospital, devido ao aumento da demanda por atendimento médico, novos prédios foram construídos, a maternidade na década de 50 e o pavilhão infantil em 1966. Com o apoio da Fundação, do Dr. Michel Curi ( Diretor da Faculdade de Medicina na época) e da Irmã Maria Celeste Fernandes (administradora do Hospital) começaram com o trabalho de ampliação, na década de 70.. E no dia 26 de junho de 1976, inaugura-se o novo Pavilhão, um bloco formado por térreo, subsolo e mais 5 andares. Padre Albino demonstrava profundo cuidado com os doentes, exigindo internação imediata para todos, independentemente de sua condição social ou religiosa.
Atualmente, o Hospital Padre Albino, nomeado em homenagem ao Padre, mantém sua missão, com a maioria dos leitos destinados ao SUS, além de servir como hospital escola para cursos de Medicina e Enfermagem, sendo uma referência na região.
No dia 26 de junho de 1926 o Hospital começou a funcionar e na Assembleia Geral de 19/10/1926, o Estatuto era aprovado:
No Art. 2.°, falando das finalidades, reza: “Manterá um hospital, cuja instalação ultimará, para enfermos desvalidos, em distinção de nacionalidade, cor, estado, nem de credos religiosos e políticos… Criando, quando for possível, outros estabelecimentos de caridade e de assistência social, como asilos, creches, pavilhões para tratamento de moléstias contagiosas, postos profiláticos etc… Distribuindo socorros materiais e morais, principalmente em épocas de calamidade pública e sempre que os seus recursos o permitirem, a juízo da Diretoria.
No Art. 3.°, em reconhecimento ao trabalho de Pe. Albino, reza: “O hospital referido no artigo antecedente, chamar-se-á HOSPITAL PADRE ALBINO. § Único: Essa denominação, que não poderá ser alterada em tempo algum, exprime uma justa homenagem à abnegação e ao devotamento do exemplar sacerdote católico rev. Padre Albino Silva, a cujos esforços se deve a criação da nova casa de caridade”
Na década de 1950, os moradores de Catanduva expressaram o desejo por um curso superior na cidade, para evitar que seus filhos precisassem buscar formação em outras localidades após o ensino médio. Para isso, foi preciso transformar a Associação Beneficente de Catanduva em Fundação, com o objetivo de torná-la Mantenedora das Faculdades, processo realizado no dia 29 de março de 1968.
A proposta de criar uma Faculdade de Medicina em Catanduva gerou grande expectativa na comunidade e envolveu esforços burocráticos liderados por Dr. Michel Cury, além da mobilização de Monsenhor Albino para garantir a doação de cotas para o Hospital das Clínicas.
Após o Termo de Compromisso assinado entre o Hospital das Clínicas S/A e a Associação Beneficente de Catanduva em dezembro de 1967, a Faculdade de Medicina de Catanduva iniciou suas atividades em 1970, obtendo reconhecimento federal em 1974. Na década de 1980, com a desativação do Hospital Emílio Carlos, a Fundação Padre Albino obteve o prédio do governo estadual, onde a Faculdade de Medicina se estabeleceu como Hospital-Escola, junto ao Hospital Padre Albino.
A integração das faculdades da Fundação Padre Albino deu origem às Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA) em 2007, seguido pela criação do Instituto Superior de Educação (ISE) em 2008. Em 2017, a UNIFIPA – Centro Universitário Padre Albino, foi oficialmente credenciada pelo Conselho Nacional de Educação, marcando uma nova fase da instituição, que expandiu sua oferta educacional incluindo cursos de Agronomia e Ciências Contábeis em 2018.